RITUAIS DO VER: vale a pena ver na Estação Cabo Branco de Alberto Banal

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
“Seria interessante perceber que imagens a fotógrafa colecionaria nas exposições em que as artes visuais já não dominam e em que o exame e a vivência da arte assentam noutros pressupostos, requerem outros mecanismos e mobilizam outros sentidos”.
Inspirado pela indagação de Laura Castro, a minha curiosidade em visitar a exposição “Rituais do ver” de Fátima Carvalho tomou um caminho inesperado e intrigante.
Numa primeira fase visitei a exposição sozinho tentando experimentar, como afirma Isolina Carvalho, “um ato que se desenvolve através dum diálogo aparentemente surdo, ou se quisermos, intercomunicacional, usando o olhar e o silêncio como referências primeiras, entre as duas realidades: o observador e o observado, num jogo mágico que persegue essas outras imagens, construídas por um fotógrafo inquieto...”
Com efeito me perdi atrás dos passos da fotógrafa, a portuguesa Fátima Carvalho, a qual claramente faz parte da comunidade habitual dos museus e galerias. A vejo deambular, observar, conversar, fotografar, arquivar as imagens captadas em exposições. As mesmas imagens que agora estão expostas neste maravilhoso prédio de Oscar Niemayer cujo nome é Estação Cabo Branco Ciência Cultura & Artes. E que não é museu, nem galeria de arte, nem repositório, nem qualquer outra coisa estaticamente ligada ao conceito de arte absoluta no sentido estreito do termo.


A Estação Cabo Branco vai além de uma definição especifica, aliás, como afirma a vice-diretora Lúcia França, ela é e quer ser o lugar da cultura do povo, onde qualquer tipo de expressão artística pode oferecer algo de novo e ser gerador de curiosidade “cultural” para os milhares de visitantes de todas as camadas sociais.


É nesse contexto “não oficial” da arte que toma um novo sentido a exposição de Fátima Carvalho. E foi assim que eu mesmo me transformei numa testemunha das mais variadas formas de fruição e contemplação artística, sem precisar de um padrão único de interpretação, a não ser a espontaneidade de inúmeros e diferentes “rituais do ver”: a arte, a fotografia descendo do seu Olimpo para se encarnar no tecido social de um povo raramente acostumado a pisar silenciosos museus ou álgidas galerias, mas faminto de emoções e elevação cultural.


Obrigado Fátima Carvalho por mais uma oportunidade de fruição cultural.

RITUAIS DO VER
de Fátima Carvalho
Estação Cabo Branco Ciência Cultura & Artes
João Pessoa/PB - Brasil
08 de novembro a 10 de dezembro de 2015

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